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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Vida de Barata


As Baratas


O que é uma barata?


Além de caretas de nojo, essa pergunta é respondida pela maioria das pessoas de forma simples: são insetos cascudos, escuros e resistentes.


  • De fato, as baratas fazem parte da grande classe dos insetos. Isso quer dizer que elas têm, com poucas exceções, 1 par de antenas, 2 pares de asas, 3 pares de pernas e outras similaridades com as moscas, gafanhotos, formigas, etc.

  • Além disso, um conjunto de características únicas também as permite formar a ordem Blattodea, também chamada de Dictyoptera ou Blattariae. Podemos descrever aqui algumas de suas especificidades, a começar pela cabeça, muito móvel, voltada para baixo, com longas antenas filiformes e grandes olhos compostos. Os ocelos laterais são representados por duas manchas ocelares e o ocelo mediano é ausente. As peças bucais são bem desenvolvidas e próprias para a mastigação. A cabeça é recoberta e protegida pelo pronoto, uma projeção rígida do tórax em forma de capacete.

  • Também do tórax saem os 2 pares de asas. O anterior, que fica por cima, é mais resistente e tem uma textura pergaminosa, por isso essas asas são chamadas de tégminas. As asas posteriores, que ficam protegidas pelas tégminas, são do tipo membranoso.

  • A maioria das baratas prefere andar e suas pernas são propícias para uma locomoção rápida. Por isso, também, algumas espécies apresentam asas bem reduzidas (braquípteras) ou são ápteras, ou seja, não possuem asas.

  • O abdome, que pode ou não estar coberto pelas tégminas, comporta órgãos internos importantes, como intestino, órgãos reprodutivos e coração. Externamente, ele possui em sua extremidade um par de cercos, apêndices que funcionam como órgãos olfativos.

  • Cerca de 4000 espécies fazem parte da ordem Blattodea e novos membros vêm sendo descobertos na natureza. Apesar desse número assustar (ou enojar), a maioria das pessoas só terá contato com menos de 1% dele, quer dizer, com as 35 espécies que habitam ambientes humanos ou com hábitos domissanitários. A porcentagem se reduz ainda mais se lembrarmos que poucas espécies, cerca de 8, dominam este cenário: Periplaneta americana (barata vermelha, barata americana, barata grande, barata de esgoto) eBlattella germanica (barata pequena, baratinha, barata alemã, francesinha, paulistinha, barata de cozinha ou de madeira) , que são as mais freqüentes em São Paulo; Periplaneta australasiae (barata australiana), Pycnoscelus surinamensis (barata do Suriname), Leucophaea madera (barata cascuda ou barata grande dos armazéns), Supella supellectilium, Blatta orientalis (barata oriental), Periplaneta brunnea (barata parda).

Seguem as descrições das principais baratas domésticas que podem ser encontradas no Brasil:


  • Periplaneta americana (barata vermelha, barata americana, barata grande, barata de esgoto): considerada grande, essa barata mede de 2,8 a 4 cm. É bastante brilhante e de coloração castanho-avermelhada; seu pronoto é escuro, circundado por um anel amarelo. As tégminas são bem desenvolvidas e cobrem todo o abdome nas fêmeas ou são maiores que o abdome nos machos. É a espécie mais abundante em São Paulo.

  • Blattella germanica (barata pequena, baratinha, barata alemã, francesinha, paulistinha, barata de cozinha ou de madeira): é uma barata pequena e mede de 1-1,4 cm. A característica mais marcante talvez seja o pronoto com 2 faixas longitudinais escuras. As tégminas nas fêmeas cobrem todo o abdome, mas são mais curtas nos machos. São animais muito freqüentes em cozinhas e restaurantes.

  • Pycnoscelus surinamensis (barata do Suriname): animal médio, medindo de 2 a 2,4cm. É brilhante, de cor castanho-escura a preta. As tégminas cobrem todo o abdome. É semidoméstica, ou seja, pode ser encontrada tanto em ambiente natural como doméstico.

  • Periplaneta australasiae (barata australiana): é muito parecida com a Periplaneta americana. Também é grande, medindo de 2,3 a 3,5 cm, é castanho-escuras a castanho-avermelhada. As tégminas cobrem a extremidade do abdome e possuem uma faixa amarela próxima à borda.

  • Leucophaea maderae (barata cascuda ou barata grande dos armazéns): também é uma espécie semidoméstica. Considerada a mais repulsiva, é uma barata grande, medindo de 4 a 5 cm, tem coloração cinzenta ou pardacenta e duas faixas castanho-escuras na área basal das tégminas.

  • Supella supellectilium barata pequena, de 1 a 1,6 cm, de coloração variável. As tégminas cobrem quase todo o abdome nas fêmeas e vão além dele nos machos. É muito parecida com a Blattella germanica.

  • Blatta orientalis (barata oriental): de tamanho médio, mede de 2 a 2,4 cm e tem coloração castanho-avermelhada escura a preta. As tégminas são mais desenvolvidas nos machos que nas fêmeas mas ainda não atingem a extremidade do abdome. Nas fêmeas, as tégminas são muito curtas.

  • Periplaneta brunnea (barata-parda): sua coloração é muito parecida à da barata americana. É grande, medindo de 3,1 a 3,7 cm. As tégminas são longas, mas não tanto quanto o abdome.

Internamente, as baratas são insetos típicos, característica que inclusive as posiciona como modelos em diversas pesquisas e estudos. Em laboratório, elas também são bastante utilizadas como alimento para escorpiões, aranhas e outros animais por sua riqueza em proteínas e nutrientes.

A respiração das baratas se dá por meio de espiráculos, que são aberturas ao longo dos dois lados do abdome por onde o ar pode entrar e sair. O ar então é encaminhado para traquéias que se ramificam e perdem diâmetro, alcançando os tecidos. Nesse ponto é possível haver o abastecimento das células com oxigênio. O conhecimento da respiração das baratas é bastante importante para o desenvolvimento de inseticidas.

A digestão desses insetos ocorre parte externamente e parte internamente: ao encontrar o alimento, eles secretam enzimas digestivas; a pasta resultante é engolida e percorre o trato digestivo.

O sistema circulatório das baratas é bastante diferente do que conhecemos em mamíferos. Providas de apenas um vaso sangüíneo, o vaso dorsal, elas possuem circulação aberta. Dessa forma, o líquido que está banhando as vísceras entra pela parte de trás desse vaso ou por pequenos orifícios chamados óstios e sai pela parte da frente, banhando o interior da cabeça. Esse vaso dorsal pode também ser chamado de coração, porque é ele que bombeia a hemolinfa (o “sangue” dos insetos) de trás para frente do corpo.

O sistema nervoso é formado por gânglios nas baratas. Apesar delas possuírem um cérebro na cabeça que comanda, por exemplo, as funções das antenas, das partes da boca, entre outras, elas também possuem glânglios no tórax e no abdome que direcionam funções muito importantes também, como batimento das asas, funcionamento do trato digestivo, etc.

Como a Barata se Reproduz

Apesar de não serem tratadas com tal, as baratas são seres vivos e fazem parte de uma grande população, que vem sendo pisoteada, envenenada e odiada pela humanidade. E, como seres viventes, elas nascem, crescem, se reproduzem e, apesar da morte ser muitas vezes longa e difícil, elas morrem, completando um ciclo de vida básico. O modo de passar por essas etapas é, no entanto, realizado de forma particular, ao “estilo da barata”.

Acasalamento:

As baratas adultas são divididas em machos, que possuem órgãos reprodutivos masculinos e produzem espermatozóides, e fêmeas, que produzem óvulos nos ovaríolos. Até aqui não há novidades.

Quando em período reprodutivo, as fêmeas liberam um odor, chamado de feromônio sexual, que atrai machos. Ocorre, então, uma intensa antenação no encontro do casal, ou seja, as baratas se tocam com suas antenas. O macho expõe uma glândula localizada na superfície dorsal do abdome, que secreta uma substância da qual a fêmea se alimenta. Enquanto a fêmea sobe no macho para se alimentar da substância, por baixo o macho tenta introduzir a sua genitália na fêmea, para iniciar a cópula. Quando ambos estão ligados pelas genitálias, o macho vira-se e assume uma posição oposta à da fêmea e as extremidades dos abdomens se mantém unidas. A cópula pode durar uma hora ou mais, e durante este processo o macho transfere o espermatóforo, estrutura que contém os espermatozóides, para a fêmea. Os espermatozóides são armazenados na espermateca da fêmea, ficando ativos por um longo período.

Em algumas baratas, como a Pycnoscelus surinamensis (barata do Suriname), pode ocorrer reprodução assexuada, por partenogênese. Isso quer dizer que as fêmeas, sem ter contato com machos, produzem novos indivíduos: seus óvulos não fecundados se desenvolvem e produzem novas fêmeas. Esse tipo de reprodução é muito eficiente para o aumento da população de uma determinada espécie. Quando em condições ambientais também favoráveis, pode até haver um aumento exagerado, dificultando seu controle pelos homens. No caso da barata do Suriname, existem machos na população, apesar de serem muito raros, o que indica que pode haver também a reprodução sexuada.

Alguns detalhes do desenvolvimento das baratas são distintos para as diferentes espécies. Seguem algumas particularidades das principais baratas brasileiras: a barata alemã (Blattella germanica) e a barata americana (Periplaneta americana).


  • B. germanica: possui ciclo de vida mais curto e mais rápido que a barata americana e é também mais resistente a inseticidas. A fêmea pode depositar de 4 a 8 ootecas durante sua vida, as quais medem 8x3 mm e têm de 30 a 40 ovos, em média. O número de ovos tende a diminuir ao longo da vida da fêmea. A ooteca é mantida presa na extremidade do abdômen até que o desenvolvimento embrionário esteja quase terminado. O período de incubação depende da temperatura e umidade, mas em geral dura cerca de 14 dias. A fêmea pode ajudar as ninfas a saírem do estojo (ooteca). Estas que passam por cerca de 6 a 7 estádios ninfais, ou seja, sofrem de 6 a 7 ecdises até atingirem o estágio adulto..

  • P. americana: costumam por suas ootecas em cantos ou fendas escuras e protegidas. Os estojos possuem número variável de ovos (geralmente 16), 8x5 mm e são carregados pela fêmea apenas 1 dia depois de formados até ela achar um lugar adequado para sua deposição. As ootecas podem ser enterradas, cobertas com pedacinhos de papel, etc. O intervalo entre a deposição de uma ooteca e outra é de 1 semana. O período de incubação também depende de temperatura e umidade. As ninfas nascem ao mesmo tempo e forçam a abertura do estojo, que se abre em 2 metades. Ocorrem de 9 a 13 ecdises durante o desenvolvimento imaturo.

Prejuízos Causados ao Homem

É provável que o dano gerado pelas baratas mais repudiado pela população seja o susto ou medo e a sensação de asco causados a muitas pessoas, considerados justificativa suficiente de muitos para a total eliminação desses insetos. No entanto, outros danos mais graves também dão base a essa luta.

As baratas não causam danos relevantes para a agricultura. Elas são mais importantes do ponto de vista domissanitário: adaptaram-se ao ambiente doméstico, onde danificam alimentos e roupas e disseminam doenças. Por isso são consideradas “pragas urbanas”.

Entre os principais prejuízos causados ao homem podem ser citados:


  • Ingestão de alimentos. Não é significante por ser em poucas quantidades.
  • Depreciação de alimentos. Ao caminhar ou viver sobre a comida, as baratas defecam e a contaminam. Além disso, elas possuem secreção repugnante liberada por glândulas , a qual tem um odor nauseabundo característico, o “cheiro de barata”. Tudo isso torna o alimento impróprio para o consumo. Desta forma, pode-se afirmar que estes insetos provocam danos mais expressivos aos alimentos em termos qualitativos que quantitativos.
  • Danos a livros, roupas e documentos, devido à deposição de fezes e ootecas ou à ação de roer.
  • Susto, medo e nojo causado a muitas pessoas.

  • Fonte de alimento para outros animais. Escorpiões, lagartixas, aranhas e outros animais indesejáveis que se alimentam de baratas são atraídos pela presença destas, levando indiretamente a maiores danos.
  • Transmissão de agentes patogênicos ao homem e aos animais domésticos. Talvez essa seja a principal razão do combate às baratas. Acredita-se que elas, depois da mosca doméstica, são os animais que mais facilmente transportam germes de doenças de um local para outro (principalmente bactérias e protozoários), podendo transportar cerca de 40 bactérias patogênicas diferentes, das quais 25 são Enterobacteriaceae, organismos responsáveis por gastrenterites no homem. Esses insetos podem também ser hospedeiros intermediários de helmintos patogênicos (vermes) e carregar ovos e larvas, além de vírus, protozoários e fungos.

Várias espécies de seres vivos apresentam algum tipo de associação com as baratas. Entre estes podem ser destacados:

  • Bacterióides: são partículas intracelulares, não são patógenos importantes do homem. Encontradas no tecido adiposo, dentro de ovos e embriões de baratas. Essa associação é provavelmente benéfica a ambos atores.

  • Protozoários: necessários para a sobrevivência das baratas que comem madeira porque produzem celulase, enzima que digere a madeira, permitindo seu aproveitamento pelas baratas. Alguns protozoários causadores de doenças ao homem e seus cistos podem ser transportados por estes insetos.

  • Vírus: agentes da poliomielite já foram encontrados em Blattella germanica, Periplaneta americana e Periplaneta brunnea.

  • Bactérias: diferentes espécies de Micrococcus, Salmonella, Bacillus, Mycobacterium e outros gêneros, incluindo espécies causadoras de doenças, como Mycobacterium leprae (causador do mal de Hansen ou lepra), são transportados e disseminados por esses insetos.

  • Fungos: muitos fungos são encontrados em baratas, alguns causadores de doenças ao homem.

  • Vermes: dentre muitos, estão o Ancylostoma duodenale e Necator americanus, encontrados na P. americana, causadores do amarelão. Trichiurus trichiura, um parasita do intestino grosso causador da tricuríase, também é encontrado em P. americana, B. germanica e outras espécies.

As baratas adquirirem agentes patogênicos por viverem e se alimentarem em latrinas, fossas, esgotos, lixo, cadáveres, etc., e os veiculam por suas fezes, secreções, ao morrerem, ou simplesmente na sua locomoção, quando germes podem cair de suas patas ou corpo.


Um comentário:

George Maycon disse...

Adoro Baratas!

o.Q)))